segunda-feira, 6 de abril de 2009

Um Para Ti - II


Hoje brindo-vos com Alberto Caeiro. Ando, assim, a querer ensinar-me a ser mais simples, ainda que goste de ser minimanente complicada. Um bocadinho precisa-se. São perfis.

Por agora, vai-me apetecendo estar simples na vida.


Às vezes, em dias de luz perfeita e exacta

Às vezes, em dias de luz perfeita e exacta,
Em que as coisas têm toda a realidade que podem ter,
Pergunto a mim próprio devagar
Porque sequer atribuo eu
Beleza às coisas.

Uma flor acaso tem beleza?
Tem beleza acaso um fruto?
Não: têm cor e forma
E existência apenas.
A beleza é o nome de qualquer coisa que não existe
Que eu dou às coisas em troca do agrado que me dão.
Não significa nada.
Então porque digo eu das coisas: são belas?

Sim, mesmo a mim, que vivo só de viver,
Invisíveis, vêm ter comigo as mentiras dos homens
Perante as coisas,
Perante as coisas que simplesmente existem.

Que difícil ser próprio e não ser senão o visível!

Alberto Caeiro

1 postas de pescada:

Patricia Alexandre disse...

Que difícil ser próprio e não ser senão o visível!

verdade verdadita...